Ele deseja habitar entre nós: Mergulhe no sentido do Advento.

No tempo litúrgico do Advento, a Igreja nos propôs a expectativa mais iminente da vinda do Messias, aqueles sinais mais claros, como o da visita do anjo na anunciação a Nossa Senhora. Aguardamos, através da encarnação do Verbo, a consumação do plano da redenção.

O Advento é, portanto, para a Igreja e para cada cristão, um tempo muito rico que deve ser aproveitado com toda a intensidade. A meditação da Liturgia Diária é uma forma de alimentar a esperança na chegada do Salvador.

É tempo de aprofundar a nossa certeza e a nossa confiança nos registros bíblicos quanto ao nascimento humano, virginal, sobrenatural e histórico de Jesus Cristo, o Deus humanado, como diria São Bernardo de Claraval. Os primeiros relatos messiânicos distam de 3.000 a 700 anos antes de Cristo, se tratando do Antigo Testamento.

A esperança vem em cada coração

Essa esperança vem de longe, de tempos imemoriais, e foi exatamente essa espera pelo Salvador que sustentou a fé do povo de Deus em meio às muitas vicissitudes. Neste tempo, nós também somos convidados a viver a espera dessa promessa em meio às nossas presentes tribulações.

O Advento quer retirar dos nossos corações as influências mundanas que nos impedem de dar ao Natal do Senhor o seu sentido verdadeiro. Pelo Advento, ao cantar os hinos que apelam para que a velha história seja contada, ao visitarmos os textos que narram o momento da encarnação do Verbo, ao entrarmos no lugar onde Maria estava (pela narrativa bíblica), quando o anjo a visitou, somos despertados para a consciência de que Cristo é a única razão de ser do Natal. Ele deseja estar entre nós! Ele é a eterna novidade!

Se é verdade que existe um espírito de Natal, ele não pode se resumir às palavras e sentimentos de paz, à solidariedade, ao altruísmo, ou somente ao compartilhamento de boas obras (que são válidas), mas sem caridade, podem ser efêmeras. O Espírito Natal é o Espírito de Cristo que veio ao mundo para salvar os pecadores. Ele veio ao mundo para salvar todos quantos nEle creem. Sem Cristo, o Natal não faz sentido.

Conheço pessoas que não se sentem bem com as festas de fim de ano, sobretudo com o Natal. Sofrem com certa melancolia, são atacadas por uma nostalgia desconfortável, que parece dizer que perderam algo ou não aproveitaram como deveriam uma parte da própria vida. Talvez, algumas lembranças doces da infância e de pessoas queridas que não mais se encontram entre nós possam mesmo provocar em nossa alma certo sentimento de saudade…

Todavia, quando acreditamos na promessa de que o que ganhamos no Natal não poderá mais ser perdido, nunca mais irá embora (e nem nos deixará partir), não havendo espaço para a melancolia, os nossos desejos serão supridos pela alegria do Emanuel.

Então, para que serve o advento?

O advento serve para retirar os excessos do nosso coração tão sobrecarregado e tão distraído pelas muitas preocupações da vida. É uma espécie de memorando ou lembrete antecipado para nos recordar que o Rei está chegando, que Ele em breve virá.

Santo Agostinho nos deixou escrito: Quem não amou a primeira vida do Rei, não suportará quando Ele regressar.

Da primeira vez, Ele veio em fragilidade, pequenez, dependendo da ajuda de suas criaturas para sobreviver à nossa miserável condição. Ele se expôs no presépio, na irresistível beleza de uma criança nos braços da mãe. Cheio de ternura, no tempo devido, se expôs voluntariamente no alto da cruz, deixando transparecer a podridão do nosso pecado e resgatando a nossa dignidade. Quem não O amou nessa primeira vinda, quando Ele se fez tão próximo, dificilmente conseguirá amá-lO quando Ele vier em Sua glória.

Aproveitemos o tempo do advento para abastecer o nosso coração de santos afetos por Aquele que nos trouxe a salvação eterna. O Verb0 divino se fez carne e habitou entre nós! Que grande graça!

Vanilton Lima
Missionário da Comunidade Shalom

Fonte: comshalom.org